Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar de Ceilândia debate O Atendimento à Homens Autores de Violência Conjugal

A socióloga e pesquisadora do GENPOSS Kamila Figueira,  apresenta e debate com a Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar, de Ceilândia, a pesquisa O atendimento aos autores da violência conjugal contra a mulher: Um Estudo de Caso, que realizou em sua monografia de conclusão de curso em Ciências Sociais, na Universidade de Brasília. 
A reunião da Rede acontece no próximo dia 19 de abril, na sede do NPJ, em Ceilândia, às 14 H.





O Seminários GENPOSS retoma suas atividades, este semestre, na próxima segunda-feira, 26 de março, a partir das 14:30 H, no Auditório do CEAM, Edifício Multiuso 1, 1º andar (próximoa ao BRB), campus Darcy Ribeiro, UnB. Esta primeira edição contará coma presença da pesquisadora Alila Antonielli,  mestranda em Sociologia  -“Estudos internacionais, especialização em estudos latino americanos” - no Institut des Hautes Études de l’Amérique Latine, Université Paris 3 Sorbonne Nouvelle, sob a orientação da profa. Polymnia Zagefka e que participa atualmente do GENPOSS, como estagiária e pesquisadora visitante. 
O tema dessa conferência será sua pesquisa de mestrado, “Aids na fronteira: o acompanhamento médico especializado do HIV e a vivência da soropositividade na fronteira do Brasil com o Uruguai”que procura avaliar o acompanhamento médico especializado das pessoas vivendo com HIV na fronteira - Rivera (Uruguay) e Sant’Ana do Livramento (RS) - e as conseqüências para a saúde das mesmas, a estigmatização e vida cotidiana dos soropositivos. 

Grupo de Estudos - Feminismo e Política Social


Na próxima semana a reunião do Grupo de Estudos ocorrerá já em seu horário definitivo, neste semestre, qual seja, às quartas, entre 14 e 18 H. A discussão tem como foco as contribuições da teoria feminista á teoria da política social e o texto de referência é de autoria de Andrea Gama. O encontro acontece  dia 14 de março, quarta-feira na sala do GENPOSS - Depto. de Serviço Social - ICC Centro - Mezanino. 

Todo dia é dia de luta!

A discriminação tem sexo, tem cor, tem classe, tem idade e território.
Nesse dia em que se comemora a luta das mulheres por igualdade de direitos e justiça de gênero, compartilhamos o texto Nós, Mulheres da Periferia Ianca PedrinaJéssica MoreiraMayara PeninaSemayat OliveiraPatrícia Silva, publicado na seção Opinião da FSP, no dia de ontem. As autoras são jornalistas e estudantes de jornalismo, moradoras de diferentes bairros da periferia de São Paulo e correspondentes do blog Mural da FSP. 

Nós, mulheres da periferia
Se a periferia tivesse sexo, certamente seria feminino. Como coração de mãe, ela abraça os seus filhos sem distinção, sem ver se é belo ou feio, dentro ou fora dos padrões.
No dicionário, periferia é a região mais afastada do centro. Um termo que designa apenas um espaço geográfico, não o pior lugar da cidade.
Em São Paulo, há mais de 650 mil mulheres vivendo na periferia -e presentes em toda a cidade, trabalhando, estudando e saindo com os amigos. No Brasil, quase 22 milhões de mulheres são chefes de família.
E para quem é considerada uma favelada, alcançar o ensino superior é quase impossível. É como se ela nascesse com seu destino determinado. Jamais vai ter dinheiro para pagar a universidade e a escola pública não vai prepará-la.
Mas agora, belas, agressivas, cheias de gana e autoconfiança, essas mulheres estão driblando as dificuldades para ascender socialmente. Passaram a incluir mais uma atividade em sua dupla jornada, que se tornou tripla, pois também estudam.
Hoje, mais do que nunca, mães que não tiveram oportunidades de ensino podem sonhar com o estudo dos seus filhos. Na periferia, a mãe tem orgulho de dizer à patroa que seu filho "fez faculdade".
Não que o diploma de ensino superior tire a sensação de ser marginalizada. "Ela é formada, mas não na USP. É uma ótima profissional, mas mora muito longe." Essa é a realidade de muitas das 3,6 milhões de brasileiras que fazem faculdade.
Situação que apaga e esconde diversas características da população que está longe dos grandes centros. A periferia tem, sim, pessoas interessadas em arte, moradores engajados em movimentos sociais e políticos que querem mostrar a pluralidade deste "outro mundo".
Yhorranna Ketterman, moradora de Taipas, zona norte de São Paulo, é um exemplo. Ficou grávida aos 17 anos. Sugeriram que ela abortasse, ela recusou. Aos 28 anos e com dois filhos, Yhorranna sonha com uma casa, pois vive em uma moradia irregular. Na favela onde mora, os becos são apertados. Ao abrir a porta, só vê casas coladas -ao menos pode pedir para a vizinha ficar de olho nas crianças quando vai trabalhar.
Ela é metalúrgica e se separou do marido depois de uma briga que a deixou com o dedo torto. Já apanhou, mas também bateu. Como mulher forte que é, decidiu fazer a operação para não ter mais filhos, encarando o machismo do então parceiro, que não quis fazer a vasectomia.
Sozinha e chefe do lar, Yhorranna manda na sua vida.
Não basta, no entanto. Quem de nós nunca ouviu a famosa afirmação: "Você não parece que mora na periferia." Bom, até onde sabemos e vemos, as mulheres da periferia não têm apenas um padrão de beleza, não usam as mesmas roupas e não gostam de um único tipo de música.
Somos negras, brancas, jovens, idosas, mães de outras meninas. Gostamos de fotografia, balé, funk, teatro. Na entrevista de emprego, o local onde moramos cria constrangimento. "Sim, tomo ônibus. Trem. Dois metrôs. E ônibus de novo." No happy hour, é comum escutar: "Lá entra carro? Essa hora é perigoso. Quer dormir na minha casa?". A resposta é não. Saímos cedo, voltamos tarde, mas sempre voltamos.
Trabalhamos perto, trabalhamos longe, dirigimos carros, usamos ônibus. Somos várias, diferentes histórias, o mesmo lugar. É impossível nos reduzir a um estereótipo.
Com o tempo, a mulher aprende a dizer que seu bairro não é tão perigoso quanto pregam. Aprende a não ter vergonha de dizer que é da periferia, pois é lá que estão suas raízes e tudo aquilo que aprendeu.
Ser mulher na periferia é também esperar mais de um mês para ir ao ginecologista. É não conseguir creche para seus filhos. Mas nada disso intimida. Nesta semana da mulher, vale lembrar que pobreza maior é não ter espaço para ser. Na periferia, elas são: mulheres guerreiras.


Todas são correspondentes do blog Mural, da Folha.com
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